8 de julho de 2012

fin.

Dizem que primeiro amor a gente nunca esquece, acho que é verdade. É bem radical, ou ele acontece tipo conto de fadas, termina com carinho e vocês viram uma linda lembrança, ou ele acontece violento, sem reciprocidade e deixando marcas pra sempre. E, grande parte da pessoa que você vai se tornar, está diretamente ligada à forma como esse primeiro amor chega e vai embora. Pois é, o meu passou longe de ser qualquer coisa relacionada com paz. Nossos tempos nunca estiveram alinhados. Eu só queria conhecer a vida ao lado dele, como uma criança, cheia de medos, amor e esperando ele me dar a mão, pra eu atravessar a rua. Ele já era íntimo da vida, queria segurar o mundo e, por isso, largou minha mão. Foi embora, mas nunca me libertou. Sempre me quis na gaiola, enquanto ele voava sem destino por aí. Voltava, me alimentava e retornava pra sua vida, que um dia havia sido nossa, feliz, e era por isso que eu continuava ali, trancada. Até que numa dessas vindas, ele me deu água, comida e mentira, aí foi demais. Me roubou tantas coisas, matou minha menina. Hoje eu também voo, porque gaiola ficou pequeno demais pra mim. Pra mim, minhas mágoas, minha repulsa, nosso fim. Agora eu atravesso as ruas sozinhas, porque a vida tá tão mais convidativa e eu já não preciso de guia turístico, banco minha felicidade sozinha. Meu primeiro amor, minha primeira decepção, meu último adeus.

Marcella Fernanda