21 de fevereiro de 2010

Não tenha pressa de nada.

Não tenho mais pressa. Meu mundo girava em torno de um relógio imaginário que dizia o pouco tempo que eu tinha pra fazer tudo o que eu queria fazer, tudo o que eu tinha que fazer. O tempo ia. E eu, eu ficava. Eu ficava presa no tempo, contando cada minuto que eu teria. Cada minuto pra aproveitar o pouco tempo que eu tinha com as pessoas que eu amava. Procurava correr, me desesperar, correr contra o tempo e ainda assim, aproveitar. Tentava fazer voltar, tentava fazer parar. Mas ele ia mais rápido que eu. E eu, que tentava prendê-lo com as mãos, o perdia de vista e chorava, como uma criança desesperada, tentando parar. Tentando voltar.

Pois um dia você parou. Um dia, no meio da noite, o tempo parou. Mas, ele, o tempo, tem tudo sobre controle, ao contrário de mim. Soube ele correr quando devia, e desacelarar quando cabia. No meio daquela noite, ele correu. Ele correu, até quando viu que podia parar. Então, bem devagar ele andou. Acelerando, desacelerando. Assim, anda meu tempo. Curto demais, longo demais, rápido demais, devagar demais. O tempo, que por um tempo soube ser meu companheiro, hoje quer voltar a correr e assim, me deixar pra trás. O tempo, que quando de bem comigo, vai devagar. Mas quando precisa, segue seu curso, tentando evitar a dor que transparece no meu olhar, o grito de desespero preso na garganta. É com o tempo, que eu vou me deixando... quando eu tenho que correr, eu corro. Mas hoje, hoje eu não tenho mais pressa.

A morte me tirou algo e era aquilo que eu tentava correr contra o tempo todo. O meu tempo com quem eu amo. Hoje, meu tempo é escasso. Digo, hoje. Amanhã, ele volta a correr, num curso frenético. Mas, aquilo que eu queria mostrar, aqueles que eu queria orgulhar, a eles, eu quase não tenho mais tempo. Por isso, perdi me na pressa. A minha pressa é para passar a semana e eu poder ver aquela que ainda contra o relógio eu tento ter. Sabendo que um dia, a morte e o tempo haverão de levar e assim, o tempo tirará todo meu tempo, e hei sim de morrer esperando o tempo passar.

O meu tempo, hoje, não é mais controlado pelo relógio invisível. O meu tempo é controlado pelo tamanho de coisas não realizadas, pelo tempo que eu preciso passar com quem eu amo. O meu tempo, deixou de determinar e deixou de ser determinante.

Um comentário:

Nany Rabello' disse...

esse tempo me aconpanha o tempo todo.